domingo, outubro 15, 2006

Reunião-Convívio do Elos Clube de Faro - "Uma Imagem de Portugal na Finlândia"

O Elos Clube de Faro, realizou em 29 de Julho passado, reunião-convívio cujo tema foi: "Uma Imagem de Portugal na Finlândia".

A palestra foi apresentada pela Profª Drª Liisa Melo e Abreu - de nacionalidade finlandesa, professora de Português na Universidade de Helsínquia desde 1983 e primeira investigadora a apresentar uma tese de doutoramento naquela Universidade sobre a Língua Portuguesa.

Entre outros, é autora de um livro para a aprendizagem do português utilizado na maior parte das escolas de língua na Finlândia. O seu contributo para a divulgação e ensino da língua e cultura portuguesas tem sido notável quer na televisão quer na rádio finlandesas.

A palestra decorreu de uma forma muito agradável e os presentes puderam entender a proximidade entre os portugueses e finlandeses, pela forma como os ambos entendem e afirmam a sua nacionalidade. Foi referido a apetência que os finlandeses têm para aprender línguas e a sua curiosidade pela Língua Portuguesa. O Curso de Português na Universidade de Helsinquia tem neste momento 60 alunos. Foi salientado ainda o alto de grau auto-responsabilidade e empenho dos estudantes finlandeses.

Interveio o Sr. Prof. Manjua Leal em representação do Sr Governador Civil de Faro que referiu o papel dos Elos Clubes na defesa da Língua e Cultura Portuguesas. Salientou o esforço e contributo da Prof. Liisa Mello e Abreu no ensino da Língua Portuguesa e a finalizar a sua intervenção em nome do Governo Civil de Faro ofertou vários livros à palestrante .

O Prof Dr Rui Soares salientou o papel da Língua na formação da identidade de um povo. Esta foi uma máxima defendida por Snellman, aquele que é considerado o arquitecto da construção da moderna Finlândia. Este ano a Finlandia celebrou os 200 anos do nascimento deste eminente estadista.

A CE Maria José Fraqueza dedicou varios poemas: "Sou Elista", o poema "Língua Maternal" sobre a língua portuguesa e a finalizar o poema "Sou do Sul".

A terminar a sessão discursou o Presidente Internacional CE Alcindo Augusto Costa que agradeceu à palestrante o seu interesse pela Língua Portuguesa e felicitou-a pelo seu Português correcto. Salientou o papel da Língua na afirmação da identidade de Portugal e a missão dos Elos Clubes para que a língua portuguesa seja preservada.

No final, a Presidente do Elos Clube de Faro, CE Dina Lapa de Campos, entregou uma lembrança do evento à Palestrante, ao Prof Manjua Leal, ao Prof Dr Rui Soares e ao Presidente Internacional.

Estiveram presentes elistas membros do Elos Clube de Olhão, Elos Clube de Tavira e Elos Clube de Lisboa.

Após o encerramento da sessão, em momento de descontracção, a CE Maria José Fraqueza cantou três fados, da sua autoria, dedicados à palestrante.


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sábado, outubro 14, 2006

Maria José Fraqueza ganha 2º Prémio no Concurso de “Poesia, Prosa Arti Figurative” da Academia Internazionale “Il Convivio” Itália–30 de Agosto 2006

Lições da Vida

Ser Professor … é ter força
para agarrar o vento …
Ser professor é deter a maresia
Sorrir a cada momento …
Ser professor é inventar o mundo
Ser professor é percorrer o universo
Ser professor é caminhada …
Ser professor é matar a sede
Ser professor é amar uma criança
É dominar as letras, é uma arte
Estar na aula e em qualquer parte
Com sentimento profundo
Ser professor é ser também aluno …
Bonita comparação …
Estou em crer no fundo
Entre os dois há união …
Entre o "ser" e o "não ser"
Entre o "dar" e o "receber"
Em perfeita harmonia …
Não sei quem vai aprender
Na vida de cada dia! …
Ambos talvez se completem
Na grande lição da vida!
Grande é a lição do Mundo
Que dia a dia nos revela
Com o seu saber profundo
Será que dessa parcela
Cheia de tantos deslizes …
Onde a vida tem procela.
Eu escrevo em minha tela
Por cada lição mais bela …
- Todos somos aprendizes!


Maria José Fraqueza *

* Directora de Cultura do Elos Clube de Faro

sexta-feira, outubro 06, 2006

O 5 DE OUTUBRO ( DE 1143)

Já o disse e repito: orgulho-me de ser português.

Orgulho-me de pertencer a um povo que escreveu a história da humanidade.

Só não consigo entender porque comemoramos a 5 de Outubro a implantação da República e nos esquecemos daquilo que, em meu entender, é muito mais importante: o nascimento de Portugal como nação independente.

Em 5 de Outubro de 1143, D. Afonso Henriques celebra um acordo de paz com seu primo, rei Afonso VII de Castela e Leão (Tratado de Zamora), ainda que sem o reconhecimento da Santa Sé, mas na presença do Cardeal Guido de Vico (a Santa Sé precisou de 36 anos e de cem moedas de ouro para reconhecer D. Afonso Henriques como rei soberano).

Esta é uma data gravada no sangue dos portugueses, pelo menos daqueles que se orgulham de o ser.

Somos o mais antigo país europeu. Fomos os primeiros a surgir como nação independente, contudo somos talvez os únicos que não comemoramos a data da nossa formação enquanto nação.

Andamos esquecidos (há 900 anos!!) de celebrar o que mais importa à história de um povo. Não há quem não saiba quem foi o 1º Rei de Portugal, da sua árdua luta pela independência, da sua determinação e grandeza de carácter. D. Afonso Henriques tido como: “ prudente, sábio, inteligente, belo, gigante, leão rugidor”, desde cedo impôs a sua vontade e a sua determinação, consta que com apenas 13 anos de idade e antecipando 700 anos a um gesto de Napoleão Bonaparte, na cerimónia em que o sagram cavaleiro, na Catedral de Zamora, D. Afonso Henriques ignora a presença do Cardeal e ele próprio sagra-se cavaleiro.

Aos 21 anos é Rei de Portugal e com ele inicia-se a mais bela história de uma nação. Com mais ou menos dificuldades mas sempre povoada por grandes feitos e grandes homens (e mulheres também!).

Começámos por alargar território e as grandes e dolorosas batalhas com os mouros. Fomos confrontados com a impertinência dos nossos vizinhos e com eles escrevemos a “meias” algumas passagens da história.


Lançámo-nos na descoberta de novos mundos numa visão arrojada do Infante D. Henrique. Donos de um império impressionante, inaugurámos uma nova ordem económica e estabelecemos uma nova visão do mundo. Apreendemos novas culturas e levámos a nossa língua aos quatro cantos da terra. Mais uma vez e para além dos nossos vizinhos espanhóis, recebemos as “visitas” dos nossos “aliados” ingleses e franceses. De todos nos livrámos e mantivemos este pequena grande nação independente.

Mas curiosamente, a 5 de Outubro celebramos apenas a passagem da monarquia para a república, como se o regime ou a forma que este adopta fosse mais importante que o nascimento da nossa nacionalidade. Temos esta tendência, quase mórbida , para apelarmos aos pormenores esquecendo o mais importante, aquilo que mais nos dignifica como portugueses.

Já agora, se o importante são as batalhas porque não comemoramos a de S. Mamede ou a de Aljubarrota ??

A cidadania de que tanto e tantos falam hoje só é possível se estivermos cientes do nosso valor e da nossa história (de que nos devemos orgulhar).

O “Sebastianismo” só acontece porque teimamos em envolver-nos num denso nevoeiro que nos tolda a visão e nos impede de ver mais adiante. E enquanto teimarmos em esquecermos quem somos, e donde vimos, dificilmente saberemos para onde vamos.

Acordem valentes lusitanos!

Ínclita Geração – precisa-se!


Dina Lapa de Campos*

5 de Outubro de 2006

  • Presidente do Elos Clube de Faro e Governadora do Distrito Elista Sul