terça-feira, abril 06, 2010

Mensagem proferida na Academia de Letras de Maringá(PR-BR), em 4 de abril de 2010, pela Presidente do Elos Internacional da Comunidade Lusíada

Elismo: Movimento que congrega valores humanos e realça a construção plena do ser em sociedade.

O Elista é um ser privilegiado. Estar inserido em uma instituição que defende a ética, a moral, a paz, a congregação dos homens, a liberdade, a fé inquebrantável no ser humano, o sentimento de companheirismo, a justiça social, a existência da família como célula importantíssima à sociedade e a crença em um Deus-Amor faz com que se desenvolva como ser humano e lhe propicia alcançar a cidadania plena.
O aprimoramento do pensar e agir próprios do sujeito, envolvendo elos da corrente, favorece o existir do Humanismo Lusíada e embasa o hoje que está, cada vez mais, a exigir ações harmônicas de instituições estabelecidas legalmente para contribuir com o Poder Público. Visa, esta ação, o estabelecer pontes para o alcance de efetivação de políticas públicas com maior intensidade, proporcionando melhorias e avanços à vida em sociedade.
Afinal, “abrir a janela para o mundo é viver e não vegetar.”(1)
Por isso sonhar, ousar, realizar e sedimentar são etapas do enraizamento do ideário elista nas comunidades, que estão sempre em busca da face da verdade.
Thiago de Mello, na obra “Estatutos do Homem”, Art. 1 expressa, com imensa profundidade, o espírito elista: “Fica decretado que agora vale a verdade, que agora vale a vida e que de mãos dadas trabalharemos todos pela vida verdadeira.”(1)
Assim cada elista traz, dentro de si, a compreensão profunda do que seja a verdade e a necessidade de fazê-la valer em todas as ações que praticar.
Há que se ressaltar, neste momento, o que Geraldo Vandré desenhou, gráfica e musicalmente, e que o Elismo tomou para si: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
Apresentando mais de cinqüenta anos de atividade e se fazendo presente em diversos locais deste Planeta Terra, mister se faz divulgar que os elistas são semeadores de cultura e estão na “defesa das diversidades culturais dos países lusófonos e de suas comunidades, da preservação da língua portuguesa, da aplicabilidade dos preceitos do Humanismo Lusíada, do fomento de intercâmbios dos povos e comunidades de língua portuguesa e da promoção da boa compreensão entre os povos do mundo”. (2)
A diversidade que abrange a lusofonia enriquece o Elismo e lhe favorece o alçar voos, muitas vezes inusitados.
É preciso dimensionar, pois, áreas em que os elistas, seres dotados de enorme sensibilidade, atuam, colorindo a vida e dando a ela amplos sentidos nas letras, nas artes, na música , na dramaturgia...
Com o coração aberto para valorizar sentimento que transcende o território geográfico e alcança o da alma, o elista favorece o aprofundar e o expandir a corrente do Humanismo Lusíada. Ao proferir a Oração Elista prega construir, no cotidiano, aprendizado de forma consistente e planejada, operando modificações positivas de vida ao seu redor, com probabilidades de tecerem novos paradigmas.
Portanto, é preciso enxergar este Universo com olhos de elista. Batalhar pela manutenção de valores imprescindíveis à vivência coletiva – o Bem Comum. É salutar ressaltar que o elista é um ser carregado de vontade, de iniciativa, de coragem, de ousadia, de fé e está talhado para favorecer o alcance de degraus, que levarão à conquista de um mundo onde não haja desavenças ou guerras.
Assim, o elista adiciona forcas à sua ação e consegue atrair olhares para si e para a Unidade Elista a qual pertence. O respeito e a admiração da comunidade pelo trabalho desenvolvido garante o surgimento de novos espaços que, aos poucos, vão tomando novas e importantes dimensões.
A conscientização, cada vez mais presente, deixa transparecer que o “elista é, precisa e deve ser, a expressão dinâmica de uma forca atuante em todas as comunidades, despertando-lhes o interesse e a prática das tradições humanísticas e culturais lusíadas.” (3)
A promoção de Reuniões de Convívio, de Assembleias, de Convenções Distritais, Continentais e Internacionais, de divulgação e expansão do Elismo, da defesa e preservação da língua portuguesa, da defesa do patrimônio histórico, de lançamento de livros de autores elistas e não elistas, de concursos de Trovas e Poesias, de concursos de Redação e Monografias, de publicações em jornais, revistas e boletins, de exposições de Artes Plásticas e Artesanato , de Circuito Regional de pintura em Tela, de Noites Lítero-Musical, de pecas teatrais com integrantes elistas e não elistas, dão toques de atuação esmerada e integrada à vida em comunidade, perpassada nos diversos segmentos da Sociedade Civil Organizada, que trazem apoio como parceiros.
Ainda se registram realizações de palestras em Reuniões de Convívio, em Instituições de Ensino de diversos níveis e modalidades, bem como em inúmeras entidades que compõem a Sociedade Civil Organizada, tal qual a Academia de Letras de Maringá (PR-BR). Há, também, relevância em homenagear pessoas e instituições que se destacam no desenvolver de projetos culturais e aos que se tornam parceiros de Autoridades Elistas e de Unidades Elistas.
O registro de ações encetadas e estabelecidas na Linha do Tempo é vasto, riquíssimo e favorável à sua continuidade temporal. Há que se incentivar o elista a manter acesas as suas luzes e a resistir aos obstáculos que se interpõem, para fazer valer a experiência e a conduta reta em todos os atos de sua vida.
Portanto:
“Acendamos nossas luzes
na sinfonia da vida
em cânticos alegres
tornando-nos focos luzentes
da transcendência da cruz
espargindo ao mundo
um refrigério de Amor e Bondade
como acólicos
da magnitude divina.”(4)
Assim se terá avançado para alcançar o planejado:
Abrir o leque da inteligência;
Acreditar na vida e nunca desistir dela;
Não ter receio de andar por caminhos desconhecidos;
Retomar ações tantas vezes quantas forem necessárias;
Ampliar a difusão dos Princípios Elistas.
Fortalecer a Marca Elos Internacional da Comunidade Lusíada
Respeitando-se o Elismo em sua essência buscou-se, em versos da poetisa Cecília Meireles, ter um retrato fiel ao seu significado para a sociedade, de forma geral:
Sê a árvore que floresce
Que frutifica
(...)
Multiplica os teus olhos para verem mais
Multiplica os teus braços para semeares tudo
Cria outros, para as visões novas.
(...)
Fica claro, pois, que o elista deve contribuir com a sua parcela, “por mais modesta que seja”, na construção de uma vida, em comunidade, com mais harmonia e justiça social. Há que sempre existir ambiente estabelecido para a manutenção da esperança, alavanca imprescindível para toda ação elista. É legítimo apresentar que “o legado maior do elismo é a luta pela preservação e valorização da Nação, como conceito e síntese dos mais nobres e grandiosos ideais de integração dos povos em torno de sentimentos comuns.”(5)
É fundamental, neste momento, trazer à baila a figura proeminente de Eduardo Dias Coelho e de seus doze companheiros de jornada inicial, em 8 de agosto de 1959, em um local designado Prainha, em São Vicente(SP-BR), defronte da enseada onde ancoraram as caravelas de Martin Afonso de Souza, a fim de clarificar a visão de vanguarda que detinham sobre a importância da língua portuguesa ser preservada e expandida, e o ponto de união das culturas de países com vivência humanística se tornar realidade. Este ato concreto se deu em 17 de julho de 1996, quando se constituiu, em caráter oficial, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa- a CPLP que hoje, fortalecida, já realiza, dentre os seus Planos, Conferências Internacionais com a chancela dos países envolvidos em busca de maiores definições comuns, trazendo, para a apresentação de suas proposições, debate e retirada de encaminhamentos comuns, a Sociedade Civil que aceitou se engajar em seus objetivos e projetos. O caminhar conjunto encorpou conquistas da CPLP e as suas propostas passam por encaminhamento de ajustes governamentais dos países que a compõem- Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Porto Príncipe, Cabo Verde e Timor Leste. Soma, hoje, mais de duzentos e quarenta milhões de falantes em quatro Continentes. Além dos países acima mencionados, tem-se “os arquipélagos atlânticos de Madeira e dos Açores, o território de Macau ao sul da China, o Portuguese Settlement, na Península Malaca com o Papiá cristão, alguns segmentos de goanos e mais de três milhões de imigrantes portugueses espalhados por diversos países de acolhimento.” (6)
Registro, para reforçar o exposto acima, a Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial5, realizada em Brasília(DF-BR), no Palácio do Itamaraty, de 25 a 27 de marco deste ano em curso, cujo objeto maior foi o aprofundamento da integração de Governos de Estado e Sociedade Civil no encaminhamento de soluções que envolvem a língua portuguesa, inclusive a adoção do idioma português pela ONU. Ressalto que o Ministério das Relações Exteriores do Brasil e o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal convidaram o Elos Internacional da Comunidade Lusíada para participar e, inclusive, indicar participantes para o presente evento, pois que é uma instituição que defende a língua portuguesa, a língua de Camões, de Olavo Bilac, de Castro Alves, de Fernando Pessoa, de Machado de Assis, de Eça de Queiroz, de Gonçalves Dias, de Jorge Amado, de Carlos Drumonnd de Andrade, e tantos outros.
O viver esses e outros momentos de partilha apresentou e continua a apresentar a semeadura do conhecimento, do amor, da paz, da bondade, da fraternidade, da liberdade de ação com ética, pois é visível o encantamento que o Elismo produz. Compara-se à leitura de “um bom livro, viajar pelas suas páginas, libertar a criatividade, ouvir uma boa música, penetrar nos traços de uma pintura, de uma arquitetura. Navegar pelas águas da emoção.”(7) Para o elista o sol é que tem que ser a meta, não a escuridão, pois, a” vida não está aí apenas para ser suportada ou vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada.” (8)
Após todas essas interferências sobre a extensão que o Elismo alcança, tem-se que a cultura tem prevalência como fonte perene de conhecimento, de metamorfose, do alcançar sonhos elencados como individuais e coletivos.
Assim percebe-se que a esperança deixou de estar à janela e tomou conta de todo espaço temporal existente à vista. A visão multicultural instalada aumentou o diâmetro da circunferência. E o Tempo, “Senhor da Razão”, cristalizou, positivamente, o caminho até então percorrido.
Ficou muito evidente que é preciso superar a rotina, sair da “platéia e dirigir o script da vida”(9); adotar o ressaltado por Fernando Pessoa: “Há um tempo que é preciso abandonar as nossas roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”
E, na abertura de novas sendas o Elismo, já Cinquentenário, toma posição ímpar: faz do homem não dono de seu solo, mas, sim, elemento que integra o universo para contribuir, sobremaneira com a paz universal.
Mário Quintana nos encaminha para a perfeita compreensão do conceito VIVER no ELISMO: “O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você”.
Desta feita, o conscientizar-se de que a mensagem cultural lusíada/lusófona se engrandeceu e frutificou quando se constata a participação de povos de todas as nacionalidades, línguas, usos e costumes, dentro do mesmo contexto humanístico e ecumênico elista, há que se dar realce a extensão de afirmativa utilizada pelo educador Paulo Freire:
“Caminhante, não há caminho. Se faz caminho no andar.”
Dentro da análise apresentada tem-se que o Elismo está posto para “resgatar e divulgar a memória cultural do nosso povo, trabalhar para consolidar nossa identidade social; congregar os valores éticos e morais para colocar, em movimento, a corrente da prática das tradições humanísticas e culturais lusíadas; e, por último, ocupar nossos lugares na construção de um mundo melhor de fé, esperança , tolerância, compreensão, paz, e, sobretudo, de amor, síntese das emoções mais puras cristãs.” (10)
Fecha-se, assim o círculo na formação do cidadão pleno, mola mestra de uma sociedade que se constrói sob a égide do amor, da fraternidade, da justiça social, da ética, da valoração da língua como patrimônio comum e fator de projeção de suas potencialidades no e para o mundo.

Tem-se, pois, que “Nenhum interesse é tão permanente quanto sobreviver com respeito por si mesmo e dar um sentido de destino à própria história”. (11)
Vivamos intensamente o Elismo e as raízes dos Princípios do Humanismo Lusíada. Com certeza, serão eles cravados na mente, alma e coração de todos os povos.
Maria Inês Botelho
Presidente do Elos Internacional da Comunidade Lusíada

Maringá (PR-BR), 4 de abril de 2010
*Mensagem proferida na Academia de Letras de Maringá(PR-BR)



(1) Cesar, Climeny in Elistas Escrevem III – Compêndio de Artes, Elos Clube de Londrina (PR-BR), p. 232, 2005.
(2)(3) Carta de Princípios Elistas. CDME, Santos (SP – BR)
(4) Caldas, João Soares in elistas Escrevem III – Compêndio de Artes. Elos Clube de Londrina (PR – BR), 2005
(5) Donoso, Máximo Gonzales in Elismo, Memória, Legado e futuro. Elistas Escrevem III – Compêndio de Artes, p. 41, 2005.
(6) Garrido, Valdemiro: Elismo – Visão Histórica: Aspectos Filosófico e Pragmático.
(7) Romão, Cesar. A Semente de Deus, Sextante, Rio de Janeiro (RJ – BR), 2006, p. 130
(8)Luft, Lia
(9) Romão, Cesar. A Semente de Deus, Sextante, Rio de Janeiro (RJ – BR), 2006, p. 130
(10) Donoso, Máximo Gonzales, in O elismo – Reflexões. Boletim do Elos Clube do Rio de Janeiro (RJ – BR), maio de 2008
(11) Amorim, Celso.