ELISMO - VEÍCULO DE CULTURA LUSÍADA
TESE APRESENTADA POR
DINA LAPA DE CAMPOS
DO
ELOS CLUBE DE FARO
CONVENÇÃO CONTINENTAL ELISTA
FARO, 13 DE GOSTO DE 2005
Encontrei esta passagem num livro de Maurício de Oliveira, jornalista português, que, numa viagem a África, em 1932, com mais sete jornalistas, entre eles o grande Eça de Queirós, fez, porventura, uma das maiores reportagens jornalísticas da época, com a diferença que a escreveu em bom português.
" Foi por este mar, mar sem fim, outrora tenebroso, povoado de monstros hediondos e de outros lendários e pavorosos perigos, que passaram naus e caravelas, a Cruz de Cristo sangrenta sobre o pano enfunado de suas velas, a bandeira das quinas tremulando ufana nos topes ... e sobre elas, conduzindo-as, a alma serena e o pulso rijo dos marinheiros de Portugal. Como visionários , iam em busca de novos mundos sonhados, com aquela audácia característica das raças que, transbordantes de energias, acreditam que jamais se extinguirão."
É desta raça transbordante de energia que nasceu o movimento elista. Homens e mulheres que se atreveram a erguer a bandeira da língua portuguesa tão ou mais longe que o padrão dos descobrimentos.
É desta forma, que há mais de quatro décadas, um grupo sentiu a grandeza da língua e da cultura de que eram herdeiros e sonharam unir o mundo pela paz e pela língua sem a veleidade de a querer impôr.
Aliás, se ainda hoje o mundo que fala português o faz, certamente por vontade própria pois que se quebraram há muito os laços materialistas e políticos que teimam em acorrentar culturas.
Fala-se português nos continentes Europeu, Americano, Africano e Asiático e por cerca de 183 milhões de pessoas, colocando Portugal em 6º lugar nas línguas mais faladas no mundo e a 3ª língua europeia mais falada .
É esta grandeza e esta responsabilidade que nos legaram os nossos maiores.
É nossa missão, enquanto elistas, preservar, divulgar, conquistar e amar a língua e a cultura portuguesa.
Não basta dizer que somos (elistas) é preciso fazê-lo.
E fazê-lo significa mesmo fazer obra, lançar bases, atirar ideias, levantar-se contra e a favor, acima de tudo saber tomar posição nos momentos e nas circunstâncias em que o nosso contributo nos é pedido.( e até mesmo quando não nos pedem!)
Ser elista é ter opinião e se possível, fazer ouvi-la.
Aquilo que os nossos fundadores fizeram foi divulgar o movimento elista. Abri-lo ao mundo e não confiná-lo a quatro paredes de uma sala.
É agradável podermos trocar ideias entre nós mas é bem mais valioso se as transmitirmos ao mundo. E o mundo é por vezes logo ali ao lado, o nosso vizinho, o nosso amigo ou a escola dos nossos filhos.
Entendo o elismo como um movimento dialéctico, que se renova, que não teme mudanças, que arrisca e que semeia.
Neste momento, o veículo de cultura lusíada, que somos todos nós, tem que estar disposto a aprender e a ensinar, a transmitir e a apostar nos mais jovens como garante da continuidade. É nossa obrigação fomentar o elismo nas camadas mais jovens. E se os jovens não vêm até nós, saibamos ir ao seu encontro.
A nossa acção deve conter actividades que levem os jovens a participar e a interessar-se. Será utopia ? Não sei, mas há quem dissesse que a utopia precede a obra.
Não é de hoje mas de sempre, que o movimento elista conhece altos e baixos. É normal que tal suceda. Porém, ao passarmos em revista os últimos anos de história do movimento elista em Portugal, verificamos que existe uma tendência no sentido descendente do movimento. Há muitos anos que não que não é criada uma nova unidade elista em Portugal, mas em contrapartida, muitas se perderam ou se apagaram. Talvez seja este o momento de viragem, de juntarmos esforços e procurarmos inverter a actual situação
A união caracteriza o movimento elista, por isso, se chamam ELOS, porque se unem uns aos outros e se completam. Tem-nos faltado a união e até a humildade.
Talvez seja este o momento de "contribuirmos com uma pequena parcela " como nos pediu Eduardo Dias Coelho.
Faro, 13 de Agosto de 2005
Dina Isabel Osório Gomes Lapa de Campos
Elos Clube de Faro
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