sexta-feira, outubro 06, 2006

O 5 DE OUTUBRO ( DE 1143)

Já o disse e repito: orgulho-me de ser português.

Orgulho-me de pertencer a um povo que escreveu a história da humanidade.

Só não consigo entender porque comemoramos a 5 de Outubro a implantação da República e nos esquecemos daquilo que, em meu entender, é muito mais importante: o nascimento de Portugal como nação independente.

Em 5 de Outubro de 1143, D. Afonso Henriques celebra um acordo de paz com seu primo, rei Afonso VII de Castela e Leão (Tratado de Zamora), ainda que sem o reconhecimento da Santa Sé, mas na presença do Cardeal Guido de Vico (a Santa Sé precisou de 36 anos e de cem moedas de ouro para reconhecer D. Afonso Henriques como rei soberano).

Esta é uma data gravada no sangue dos portugueses, pelo menos daqueles que se orgulham de o ser.

Somos o mais antigo país europeu. Fomos os primeiros a surgir como nação independente, contudo somos talvez os únicos que não comemoramos a data da nossa formação enquanto nação.

Andamos esquecidos (há 900 anos!!) de celebrar o que mais importa à história de um povo. Não há quem não saiba quem foi o 1º Rei de Portugal, da sua árdua luta pela independência, da sua determinação e grandeza de carácter. D. Afonso Henriques tido como: “ prudente, sábio, inteligente, belo, gigante, leão rugidor”, desde cedo impôs a sua vontade e a sua determinação, consta que com apenas 13 anos de idade e antecipando 700 anos a um gesto de Napoleão Bonaparte, na cerimónia em que o sagram cavaleiro, na Catedral de Zamora, D. Afonso Henriques ignora a presença do Cardeal e ele próprio sagra-se cavaleiro.

Aos 21 anos é Rei de Portugal e com ele inicia-se a mais bela história de uma nação. Com mais ou menos dificuldades mas sempre povoada por grandes feitos e grandes homens (e mulheres também!).

Começámos por alargar território e as grandes e dolorosas batalhas com os mouros. Fomos confrontados com a impertinência dos nossos vizinhos e com eles escrevemos a “meias” algumas passagens da história.


Lançámo-nos na descoberta de novos mundos numa visão arrojada do Infante D. Henrique. Donos de um império impressionante, inaugurámos uma nova ordem económica e estabelecemos uma nova visão do mundo. Apreendemos novas culturas e levámos a nossa língua aos quatro cantos da terra. Mais uma vez e para além dos nossos vizinhos espanhóis, recebemos as “visitas” dos nossos “aliados” ingleses e franceses. De todos nos livrámos e mantivemos este pequena grande nação independente.

Mas curiosamente, a 5 de Outubro celebramos apenas a passagem da monarquia para a república, como se o regime ou a forma que este adopta fosse mais importante que o nascimento da nossa nacionalidade. Temos esta tendência, quase mórbida , para apelarmos aos pormenores esquecendo o mais importante, aquilo que mais nos dignifica como portugueses.

Já agora, se o importante são as batalhas porque não comemoramos a de S. Mamede ou a de Aljubarrota ??

A cidadania de que tanto e tantos falam hoje só é possível se estivermos cientes do nosso valor e da nossa história (de que nos devemos orgulhar).

O “Sebastianismo” só acontece porque teimamos em envolver-nos num denso nevoeiro que nos tolda a visão e nos impede de ver mais adiante. E enquanto teimarmos em esquecermos quem somos, e donde vimos, dificilmente saberemos para onde vamos.

Acordem valentes lusitanos!

Ínclita Geração – precisa-se!


Dina Lapa de Campos*

5 de Outubro de 2006

  • Presidente do Elos Clube de Faro e Governadora do Distrito Elista Sul