quinta-feira, janeiro 13, 2011

REPTO AOS PAULISTANOS artigo de opinião de J. Jorge Peralta

MONUMENTO À FUNDAÇÃO DE SÃO PAULO
REPTO AOS PAULISTANOS
J. Jorge Peralta

I
Uma Visita a um Monumento Cívico

Martim Afonso de Souza Tibiriçá Bartira João Ramalho
Detalhe - Monumento à Fundação de São Paulo
Companheiros e Amigos Paulistanos,
Pensando nas comemorações da Fundação de São Paulo, que celebrará seu 457º aniversário no dia 25 deste mês de Janeiro, dirigi-me, hoje, dia 12 ao Monumento à Fundação de São Paulo, no Parque Ibirapuera.
Fui com minha secretária, para melhor observar. Há alguns anos não ia visitar o referido monumento. A última vez que lá fui, o grande Monumento estava cercado de Mato e arbustos altos, quase soterrado no esquecimento.
Tomei agora esta providência, como coordenador de uma Comissão designada pela Diretoria da Casa de Portugal, para cuidar da Celebração da Fundação de São Paulo, após a apresentação e aprovação de projeto de minha autoria.
Efetivamente este monumento é um patrimônio público, cívico e cultural. É o Monumento, que melhor conta a gênese da História de São Paulo. Deveria ter visitas programadas de alunos das escolas. É um Monumento Paradigmático. Uma bela e instrutiva atração da capital.
No entanto, está “abandonado”, ali no Ibirapuera, ao lado da Assembléia Legislativa... Esquecido num espaço nobre!... É mais um Monumento ao desmazelo de certas autoridades.
A História dos povos está escrita em pedra, no mundo civilizado. A São Paulo civilizada olha o descaso deste monumento com grande repulsa e preocupação. Este é um abandono predatório. Não é a primeira vez que se faz algo para encobrir a história de um povo.
São Paulo merece mais atenção...



II
Descaso com Patrimônio Público Urbano

Caros Amigos Paulistanos
Nada mais constrangedor do que observar o descaso com que continua a ser tratado o referido Monumento à Fundação de São Paulo!...
O Monumento à Fundação da maior cidade do Ocidente; a maior cidade dos Povos Lusófonos, a maior e mais rica cidade da América do Sul e do Brasil. São Paulo é a capital econômica do Brasil; a capital do Estado mais rico, e mais desenvolvido deste país continente que é o Brasil.
O Monumento à sua Fundação merece todo o respeito.
Certamente não há descaso similar, em outra grande cidade no mundo.
O Monumento está literalmente escondido, entre árvores e arbustos, que o cercam de todos os lados. Ficou um lugar escuro. A rua asfáltica que passa dos dois lados do Monumento não tem calçada para pedestres. Tudo é feito para dificultar ou impedir o acesso das pessoas. Um descalabro!!!
No momento, a Prefeitura está a executar um projeto não menos lastimável, em toda a Praça do Monumento, sem sequer deixar acesso ao Monumento.
É um projeto irracional. Uma lástima! Uma Vergonha!...

Em torno de um Monumento do porte deste, de que falamos, precisa haver uma praça ampla, empedrada e sempre limpa e iluminada, com ruas amplas de acesso, através de um belo jardim, sem esconderijos... Algo que estimulasse visitas pessoais e grupais.
Assim era esta praça originalmente.
Aqui, hoje, é tudo contrário à sã razão: nem há espaço para as pessoas e os alunos das escolas ficarem, em visitas monitoradas pelos professores, nem uma única lâmpada, para realçar o Monumento. À noite, este está em total escuridão. Um abandono lamentável.
As árvores que nasceram e cresceram, desordenadamente, em torno do Monumento, escondem este da vista de quem passa, mesmo a pé. É literalmente um Monumento invisível. O Monumento à Fundação de São Paulo, está soterrado pelo desmazelo do poder público.
O Monumento é propriedade da Prefeitura Municipal de São Paulo...
A Administração está cometendo um ato predatório e selvagem contra um bem público, por omissão e descaso administrativo.
O senhor Prefeito e seus Secretários, certamente não estão informados deste desleixo ao patrimônio. Pois que sejam informados. Agora já não poderão alegar desconhecimento.




III
Um Monumento Digno

Senhores Paulistanos, companheiros que vivem nesta maravilhosa e monumental cidade, por que tanta ingratidão, tanto esquecimento, tanto desmazelo. Isto é uma grave afronta ao povo de São Paulo.
Este é um esquecimento acintoso. Parece algo planejado e programado.
Não dá para não ver e não se sentir obrigado a prestigiar o Monumento à Fundação de São Paulo.


Muitos dos meus leitores poderão me perguntar: Que Monumento é esse? Nunca ouvi falar. Deve estar em um lugar muito afastado do centro urbano e deve ser muito pequeno para não chamar a atenção de quem passa. Alguém me fez essa pergunta, recentemente.
Minha resposta:
O Monumento à Fundação de São Paulo foi instalado inicialmente na Praça Clóvis, próximo à Sé catedral, no marco zero da cidade.
Nóbrega. Anchieta. Curumim. P. Manoel de Paiva
No dia 30 de março de 1963, na presença do Governador do Estado, do senhor Prefeito Municipal, e de inúmeras autoridades civis, militares e religiosas, o Monumento foi solenemente inaugurado, com grande pompa.
O orador oficial foi o grande Historiador, Pedro Calmon, da Universidade do Brasil.
Posteriormente, o Monumento, foi transferido para junto da Assembléia Legislativa, no Ibirapuera, nas proximidades do conhecidíssimo Monumento às Bandeiras, de Brecheret. Dista uns 150 metros deste. Deveria ser, portanto, um local de grande visibilidade. É um local de alto apelo cívico: os Bandeirantes, os Fundadores da cidade, a ALESP.
Foi lhe reservado um espaço amplo que a vegetação caótica foi reduzindo. O Governo ajudou a reduzi-lo, cercando espaço maior para um estacionamento, também abandonado.
A irracionalidade de alguém escondeu o Monumento, através do desleixo “programado”.

IV
Resgate do Monumento à Fundação de São Paulo

Caros Amigos Paulistanos,
Há que tomar alguma medida urgente, para tornar este Monumento à Fundação de Nossa Terra um espaço cultural, de fácil acesso e visibilidade.
Elencamos as providências que consideramos emergenciais:

a) A presença das árvores adventícias deve ser disciplinada, para dar maior majestade ao Monumento e não para escondê-lo. As árvores que não puderem se harmonizar com o conjunto, devem ser transplantadas, para lugar mais adequado, ali mesmo, na praça, ou em outro lugar.
b) A ligação do Monumento à Fundação de São Paulo e o Monumento às Bandeiras devem ser interligados, para a visitação do público. O Monumento da Fundação deve ficar livre como o Monumento às Bandeiras.
c) O estacionamento (abandonado) que barra a interligação deve ser reduzido e adequado ao ambiente, ou cancelado como prejudicial aos interesses culturais de São Paulo. Este estacionamento é um estorvo urbano.
d) O Monumento à Fundação também deve se integrar, visualmente, ao Prédio da Assembléia Legislativa.
e) O atual processo de “ajardinamento”(?!), pelo qual está passando, deve ser imediatamente suspenso, e refeito com dignidade
f) Deve-se reservar o maior espaço para o público visitante, em espaço amplo e empedrado.
g) As árvores devem sofrer o necessário remanejamento, para aquele não ser mais um lugar escuro, reservado a frequentadores estranhos...
h) O Monumento deve ser imediatamente iluminado, com dignidade.

Enfim, essa monstruosa anomalia, que é esconder da apreciação do povo, um monumento de tal valor cívico, deve ser imediatamente corrigido.
Ainda pergunto se não será preferível devolver o Monumento ao espaço original, na Praça Clóvis, reurbanizada, após a grande intervenção urbanística.
Foram “tiradas” quatro painéis de bronze do monumento (em 2004) que precisam ser refeitas. Eu penso que tenho um registro do mesmo, que a Prefeitura diz não possuir (?!). Posso fornecê-lo.




V
Reforma, com ou sem Patrocínio

Monumento fotografado em 1998 - Ainda sem árvores
Pergunto ainda se não deve ser consultada a empresa da benemérita Família Ermírio de Moraes, a Votorantim, se poderia cooperar na readequação e manutenção, talvez em conjunto com a benemérita família Diniz e o Banco Banif.
A Votorantim tem prestado alto serviço público na preservação de Monumentos de São Paulo. Por que não neste Monumento que ajudou a financiar?!
Lembro que a família “Ermírio de Moraes” foi uma das financiadoras da construção do Monumento.
Já houve praças em idêntico desmazelo que a iniciativa particular ajudou a recuperar.
Está na hora e na vez do Monumento à Fundação de São Paulo?!
É o que vamos conferir, aguardando.
A Reforma do Monumento e o seu entorno deve ser feita urgentemente, com ou sem patrocínio.


Nota: Em próximo estudo, falarei do sentido e dimensão cívica do Monumento à Fundação de São Paulo.
Depois, em momento oportuno, falarei de outros Monumentos de São Paulo.

(12.01.2011)

fonte: http://tribunalusofona.blogspot.com/2011/01/monumento-fundacao-de-sao-paulo.html