ELISMO - VEÍCULO DE CULTURA LUSÍADA III
TESE APRESENTADA POR
JOSÉ LUIS CAMPOS
DO
ELOS CLUBE DE FARO
CONVENÇÃO CONTINENTAL ELISTA
FARO, 13 DE AGOSTO DE 2005
Todos sabemos que o Elos foi fundado por Eduardo Dias Coelho, que inspirado em diferentes
fontes, procurou sobretudo a dimensão humanista – atribuindo e esperando no Homem como fonte
de toda a criatividade e essência da vida. Entenda-se a genése do Elos nos princpíos igualitários do
Homem. Hoje, à distância de vários anos, podemos entender a razão da criação: fundação de um
movimento cultural igualitário e democrata com base na Língua Portuguesa e nos princípios
humanistas Lusíadas. Efectivamente a humanismo cristão consubstancia-se no princípio “ama o
próximo como a ti próprio”. Esta base igualitária transformou a religião e o homem. Este foi o
principio do relacionamento durante muitos anos dos Portugueses nos territórios descobertos.
Procurou-se uma interligação e aproximação a todos esses povos espalhados pelos cinco
continentes. Daí que podemos entender que todos os que falam Português pelos quatro cantos
da Terra são elos de uma corrente, a da Língua Portuguesa, apesar de não serem Elos conscientes.
A bandeira elista toda ela repleta de simbolismo, nos seus dois triângulos, macrocosmo
e microcosmo. Note-se contra as normas de heráldica a colocação do símbolo do Elos,
no primeiro triângulo, macrocosmo, com a cor branca, simbolo da pureza, triângulo na vertical
em que o segundo angulo é gerador permanente de criatividade e desenvolvimento. A cor azul,
do segundo triângulo, simbolizando o planeta e a riqueza de ideais.
Podemos perspectivar o nascimento do Elos na época aurea do anos 60 e rever no tempo
as alterações ocorridas no mundo, a nível político, social e económico. Veja-se a alteração dos
meios de comunicação, em que a imprensa escrita e a rádio, deram lugar à televisão, mais
recentemente a revolução multimédia e a introdução da rede mundial de computadores.
Os Elos Clubes, entidades culturais, espalhados pelos quatro continentes, tinham sobretudo
Os Elos Clubes, entidades culturais, espalhados pelos quatro continentes, tinham sobretudo
nos anos 60 e 70 uma componente de cariz recreativo e social, com um protocolo demasiado
rígido. Deve-se entender esta forma de funcionar dos Elos em resultado das condições politicas
e sociais, mas também dos membros serem, na sua grande maioria, de um estrato social
bastante elevado.
As alterações políticas no Brasil e em Portugal e a independência das Colónias induziram novas
alterações ao Elos. As unidades Elistas em África interromperam as suas actividades. Os Elos
passaram a funcionar sem restrições de opinião e de forma democrática.
O Elos prosseguiu as suas actividades nos anos 80 e 90. Foram acrescentadas as unidades
do Algarve, através do esforço e dedicação de um punhado de homens que viveu com o
coração esta causa. Foi criado o Elos de Macau e mais recentemente o Elos de Timor. Os
Elos em África parecem resurgir, Beira e agora talvez Luanda – crendo na promessa do
Embaixador, presente recentemente, numa reunião do Elos do Rio de Janeiro.
Em Elos procuramos difundir a Língua Portuguesa como forma de entendimento entre
os povos da Lusofonia. Em suma procuramos a paz e a prosperidade dos povos. É na base
do diálogo que os povos devem resolver as suas diferenças.
Existem várias definições e entendimentos do que é a cultura. A primeira referência ao conceito
de Cultura foi efectuada pr Johann Gottfried Herder, nos meados do século XVIII, e tem andado
envolvido em discussão desde então. Para Herder, Kultur, é o próprio sangue vital das pessoas,
o fluxo da energia moral que mantém intacta a sociedade. Em contraste, a Zivilisation, é o
verniz das maneiras, a lei e técnica. As nações podem partilhar a civilização; mas serão sempre
distintas na sua cultura, uma vez que a cultura define o que elas são.
Os românticos alemães (Schelling, Schiller, Fichte, Hegel, Holderlin) construíram a cultura à
maneira de Herder, como a essência que define uma nação, uma força espiritual partilhada
que se manifesta em todos os costumes, crenças e práticas de um povo. Segundo eles, a cultura
dá forma à linguagem, à arte, à religião e à história, deixando o seu carimbo no mais pequeno
acontecimento. Nenhum membro da sociedade, por mais mal educado que seja, está desprovido
de cultura, uma vez que cultura e pertença social são a mesma coisa.
Outros, mais clássicos que os românticos, interpretaram a expressão no seu significado a partir
Outros, mais clássicos que os românticos, interpretaram a expressão no seu significado a partir
do Latim. Para Wilhelm von Humbolt, fundador da universidade moderna, a cultura estava
associada não ao crescimento natural mas ao seu cultivo. Nem todos a possuiríam, uma vez
que nem todos têm o tempo, a inclinação ou a habilidade para aprender o que é preciso.
Existe uma terceira concepção de cultura - cultura popular, como se lhe pode chamar - tornou-se
um tema familiar da sociologia. Ela define a matéria central dos "estudos culturais" - uma disciplina
académica fundada por Raymond Williams com o objectivo de substituir o Inglês académico.
Williams era um crítico literário; mas as suas simpatias igualitárias forçaram-no a rebelar-se conta
a tradição elitista da escola literária. Ao lado da cultura de elite das classes superiores, dizia ele,
sempre existiu outra, em nada inferior, uma cultura do povo, através da qual o povo afirmou a sua
solidariedade face à opressão e na qual exprimem a sua identidade social e o seu sentido de
pertença. O anti-elitismo de Williams abriu uma porta, e o conceito de cultura estendeu-se à
descrição das formas de arte popular e entertenimento na contemporaneidade. Como resultado
desta ampliação académica, o conceito começou a perder a sua especificidade. Qualquer actividade ou artefacto são considerados culturais, uma vez que são produtos formadores de identidade e interacção
social.
Em Elos a Cultura está presente em todas as nossas actividades. Procuramos transmitir o fluxo
de energia moral e de valores Lusíadas, que nos distingue das outras nações. Acima de tudo
somos cidadãos que temos um conhecimento mais desperto para a realidade Lusófona e daquilo
que podemos criar e transmitir aos outros.
Cultura é a essência que nos une, elistas e não elistas, é a expressão da dimensão humana na sua
mais pura manifestação. Cultura Lusíada é a razão de ser e de viver de todos os que falam e
sentem que a língua portuguesa e os seus valores culturais subjacentes se conjugam em todos
os modos e tempos do verbo comunicar.
Faro, 13 de Agosto de 2005
José Luís Guedes de Campos
José Luís Guedes de Campos
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