quarta-feira, setembro 14, 2005

ELISMO - VEÍCULO DE CULTURA LUSÍADA III


TESE APRESENTADA POR
JOSÉ LUIS CAMPOS
DO
ELOS CLUBE DE FARO

CONVENÇÃO CONTINENTAL ELISTA
FARO, 13 DE AGOSTO DE 2005
Todos sabemos que o Elos foi fundado por Eduardo Dias Coelho, que inspirado em diferentes
fontes, procurou sobretudo a dimensão humanista – atribuindo e esperando no Homem como fonte
de toda a criatividade e essência da vida. Entenda-se a genése do Elos nos princpíos igualitários do
Homem. Hoje, à distância de vários anos, podemos entender a razão da criação: fundação de um
movimento cultural igualitário e democrata com base na Língua Portuguesa e nos princípios
humanistas Lusíadas. Efectivamente a humanismo cristão consubstancia-se no princípio “ama o
próximo como a ti próprio”. Esta base igualitária transformou a religião e o homem. Este foi o
principio do relacionamento durante muitos anos dos Portugueses nos territórios descobertos.
Procurou-se uma interligação e aproximação a todos esses povos espalhados pelos cinco
continentes. Daí que podemos entender que todos os que falam Português pelos quatro cantos
da Terra são elos de uma corrente, a da Língua Portuguesa, apesar de não serem Elos conscientes.

A bandeira elista toda ela repleta de simbolismo, nos seus dois triângulos, macrocosmo
e microcosmo. Note-se contra as normas de heráldica a colocação do símbolo do Elos,
no primeiro triângulo, macrocosmo, com a cor branca, simbolo da pureza, triângulo na vertical
em que o segundo angulo é gerador permanente de criatividade e desenvolvimento. A cor azul,
do segundo triângulo, simbolizando o planeta e a riqueza de ideais.

Podemos perspectivar o nascimento do Elos na época aurea do anos 60 e rever no tempo
as alterações ocorridas no mundo, a nível político, social e económico. Veja-se a alteração dos
meios de comunicação, em que a imprensa escrita e a rádio, deram lugar à televisão, mais
recentemente a revolução multimédia e a introdução da rede mundial de computadores.

Os Elos Clubes, entidades culturais, espalhados pelos quatro continentes, tinham sobretudo
nos anos 60 e 70 uma componente de cariz recreativo e social, com um protocolo demasiado
rígido. Deve-se entender esta forma de funcionar dos Elos em resultado das condições politicas
e sociais, mas também dos membros serem, na sua grande maioria, de um estrato social
bastante elevado.

As alterações políticas no Brasil e em Portugal e a independência das Colónias induziram novas
alterações ao Elos. As unidades Elistas em África interromperam as suas actividades. Os Elos
passaram a funcionar sem restrições de opinião e de forma democrática.

O Elos prosseguiu as suas actividades nos anos 80 e 90. Foram acrescentadas as unidades
do Algarve, através do esforço e dedicação de um punhado de homens que viveu com o
coração esta causa. Foi criado o Elos de Macau e mais recentemente o Elos de Timor. Os
Elos em África parecem resurgir, Beira e agora talvez Luanda – crendo na promessa do
Embaixador, presente recentemente, numa reunião do Elos do Rio de Janeiro.

Em Elos procuramos difundir a Língua Portuguesa como forma de entendimento entre
os povos da Lusofonia. Em suma procuramos a paz e a prosperidade dos povos. É na base
do diálogo que os povos devem resolver as suas diferenças.

Existem várias definições e entendimentos do que é a cultura. A primeira referência ao conceito
de Cultura foi efectuada pr Johann Gottfried Herder, nos meados do século XVIII, e tem andado
envolvido em discussão desde então. Para Herder, Kultur, é o próprio sangue vital das pessoas,
o fluxo da energia moral que mantém intacta a sociedade. Em contraste, a Zivilisation, é o
verniz das maneiras, a lei e técnica. As nações podem partilhar a civilização; mas serão sempre
distintas na sua cultura, uma vez que a cultura define o que elas são.
Os românticos alemães (Schelling, Schiller, Fichte, Hegel, Holderlin) construíram a cultura à
maneira de Herder, como a essência que define uma nação, uma força espiritual partilhada
que se manifesta em todos os costumes, crenças e práticas de um povo. Segundo eles, a cultura
dá forma à linguagem, à arte, à religião e à história, deixando o seu carimbo no mais pequeno
acontecimento. Nenhum membro da sociedade, por mais mal educado que seja, está desprovido
de cultura, uma vez que cultura e pertença social são a mesma coisa.

Outros, mais clássicos que os românticos, interpretaram a expressão no seu significado a partir
do Latim. Para Wilhelm von Humbolt, fundador da universidade moderna, a cultura estava
associada não ao crescimento natural mas ao seu cultivo. Nem todos a possuiríam, uma vez
que nem todos têm o tempo, a inclinação ou a habilidade para aprender o que é preciso.
Existe uma terceira concepção de cultura - cultura popular, como se lhe pode chamar - tornou-se
um tema familiar da sociologia. Ela define a matéria central dos "estudos culturais" - uma disciplina
académica fundada por Raymond Williams com o objectivo de substituir o Inglês académico.
Williams era um crítico literário; mas as suas simpatias igualitárias forçaram-no a rebelar-se conta
a tradição elitista da escola literária. Ao lado da cultura de elite das classes superiores, dizia ele,
sempre existiu outra, em nada inferior, uma cultura do povo, através da qual o povo afirmou a sua
solidariedade face à opressão e na qual exprimem a sua identidade social e o seu sentido de
pertença. O anti-elitismo de Williams abriu uma porta, e o conceito de cultura estendeu-se à
descrição das formas de arte popular e entertenimento na contemporaneidade. Como resultado
desta ampliação académica, o conceito começou a perder a sua especificidade. Qualquer actividade ou artefacto são considerados culturais, uma vez que são produtos formadores de identidade e interacção
social.
Em Elos a Cultura está presente em todas as nossas actividades. Procuramos transmitir o fluxo
de energia moral e de valores Lusíadas, que nos distingue das outras nações. Acima de tudo
somos cidadãos que temos um conhecimento mais desperto para a realidade Lusófona e daquilo
que podemos criar e transmitir aos outros.
Cultura é a essência que nos une, elistas e não elistas, é a expressão da dimensão humana na sua
mais pura manifestação. Cultura Lusíada é a razão de ser e de viver de todos os que falam e
sentem que a língua portuguesa e os seus valores culturais subjacentes se conjugam em todos
os modos e tempos do verbo comunicar.
Faro, 13 de Agosto de 2005
José Luís Guedes de Campos