sábado, novembro 25, 2006

"Da minha língua vê-se o mar" por Filipa Silva

“Da minha língua vê-se o mar”

Sim e impiamente

Poder mirar a rutilante volta do mar

Talvez vaguear no teu eloquente olhar

De ondas vocabulares cristalinas

Porque são tempos que augurem o espaço

E a memória de naufragar,

Sem interstícios de um vácuo da

Maré linguística que levaste contigo

Para lugares ocultos da saudade,

Do fado que tens ao peito

Gritando pela liberdade de viajar

E nem em caravelas de indómitos

Sabores de metáforas submarinas,

Te deixaste anoitecer,

Língua minha

Corpo movente que te propagas

Na densidade líquida da metamorfose

Calma dos dias

E apartas-te numa aventura de séculos

Carcomidos pela história erudita

Daquilo que vivencialmente infundes

Na verborreia das tuas correntes lusas.

É o sal que tens preso à voz

E te impele ao revivalismo

Que repercutes,

E mesmo assim venero-te as mãos

Cansadas de escrever para exorcizar

Esse mar levantado e fervente que de tanto saudares

Já faz parte de ti.

Filipa Margarida Correia da Silva

3º PRÉMIO III Escalão do Concurso Literário Elos Clube de Faro - Jovens Autores 2006